Solenidade da dedicação da Catedral Santo Antônio — 10 de junho de 2021

Queridos irmãos e irmãs,

Na pessoa do Pároco da Catedral e dos Vigários Forâneos aqui presentes, saúdo todo o Clero da Diocese de Ruy Barbosa.  Nas pessoas das Irmãs religiosas aqui presentes, saúdo a Vida Religiosa, são 13 casas com religiosos e religiosas em estado permanente de missão. Na pessoa do Seminarista Lucas Rafael, saúdo os nossos seminaristas, jovens enamorados com Cristo, que desejam servir mais de perto a MESSE do Senhor. Em cada um dos leigos e leigas aqui na nossa Catedral e em suas casas, saudação, paz e bênção do Senhor. Essa saudação deseja atingir todo o edifício espiritual que é a IGREJA DE DEUS.

Fraternos(as)

Nessa celebração que acontece a cada ano, desde que aqui na Catedral de Santo Antônio, em um dia como hoje, (10/06/2001 – 20 anos hoje) o amado Dom André de WITTE, em uma belíssima celebração, ungiu (derramando) com o óleo do Crisma, o Altar e as Cruzes das paredes dessa Igreja, abençoou o Ambão e a sua Cátedra (Cadeira). Enfim, tornou consagrado com o óleo da esperança esse edifício de pedras, em detrimento do edifício espiritual que somos nós”.

Alguns pontos para nossa meditação:

Historicamente:

Seguindo uma antiquíssima tradição, quando uma Igreja era construída, de maneira especial uma Catedral, ela deveria ser na sua inauguração ou em uma data escolhida, DEDICADA (RESERVADA EXCLUSIVAMENTE), abençoada e UNGIDA, sobretudo, o ALTAR e suas CRUZES.

Inicialmente os cristãos não possuíam lugares fixos para a celebração da Eucaristia, mas a realizavam em suas casas. Com o passar de algum tempo, mesmo na era dos Apóstolos, se tornou necessário o encontro em algum local comum para as celebrações litúrgicas. Começaram a surgir os templos de “Pedras/Tijolos”. Igrejas foram sendo construídas e diante da beleza e da nobreza dos templos, a presença do sacrário, das imagens sagradas, do altar, o templo passou a ser exclusivo (DEDICADO) para as orações, para as celebrações e os sacramentos.

 

Liturgicamente, qual o significado pode ter para nós esta celebração?

O bispo ungiu naquele dia o Altar, após abençoá-lo com água. Foi derramado pelo sucessor dos Apóstolos (o bispo) o óleo do Crisma sobre o Altar (Mesa Alta), praticamente crismou o altar, o consagrou, “separou” para o santo sacrifício.

É importante contemplarmos os sinais (água e óleo). Esse dia, portanto, além de recordarmos o TEMPLO DE PEDRAS que foi ungido, lembramos também (Nós) que pelo batismo (ÁGUA) e pelo sacramento da Crisma (Óleo) nos tornamos (consagrados/separados) como TEMPLOS VIVOS.

Portanto, a cada ano, ao celebrarmos a festa da dedicação desta Igreja CATEDRAL DE SANTO ANTÔNIO, recordamos TAMBEM o nosso batismo e a nossa Crisma,

CONSEQUENTEMENTE, o destino desse templo e também da nossa missão no mundo, pela qual nascemos e fomos batizados e crismados.

Recordamos igualmente nossas comunidades VIVAS, que se reúnem tanto nos TEMPLOS DE PEDRAS, quanto NAS CASAS, mas que são os TEMPLOS VIVOS DE DEUS NO MUNDO. Sim, pelo batismo, fomos mergulhados em Cristo e passamos a ser TEMPLOS VIVOS, VERDADEIRAS IGREJAS NO MUNDO. Somos na Diocese mais de 700 comunidades (Igrejas), algumas sem templo de pedra, mas que são templos de Deus nas casas da zona urbana e rural.

RECORDEMOS POIS:

Ao recordarmos a Igreja de Pedras, nos lembramos que somos as Igreja de ALMAS, somos o corpo vivo, o templo vivo de Cristo.  É o Espírito Santo quem nos dá a vida, quem nos une, como se fosse “a massa, o cimento” que nos faz Igreja. A Igreja, templo e corpo, formada por todos os batizados, é a manifestação visível da presença do Senhor Ressuscitado. Por isso ela celebra os sacramentos, todos decorrentes da Eucaristia, com a qual somos alimentados e nutridos.

É ela, a Igreja, aquela que louva o Senhor com sua liturgia, a esposa sem ruga e sem mancha, sendo purificada pelo próprio esposo, o Cordeiro Imolado.

Portanto, celebrar a dedicação de um templo é celebrar aquilo que, na verdade, ele representa, o Corpo Místico de Cristo.

Se respeitamos o Templo construído de pedras, de tijolos, deveremos respeitar mais ainda o Templo Vivo, representado por cada ser humano que foi batizado.

Ao recordarmos que somos TEMPLOS VIVOS DE CRISTO, devemos sempre zelar pela beleza de nossas Igrejas de tijolos, desde a pintura e constantes reparos. Também das capelas e novas paróquias e áreas pastorais.

Deus é belo e a beleza salvará o mundo, atrairá as pessoas e nos fará mais atuantes na evangelização, se cuidarmos também dos edifícios materiais.

Como dizia o saudoso Dom André, “devemos andar sempre com duas pernas. Completo que  devam estar equilibradas,  a perna dos trabalhos sociais (inspirados e fiéis à doutrina social da Igreja) e a outra perna em um cuidado permanente na catequese, na evangelização e no cuidado de nossas matrizes, capelas, centros de catequese e em todo o patrimônio espiritual e material que pertencem a DEUS.

 

CONCLUINDO:

No evangelho, Jesus diz que se destruíssem aquele Templo, ele reconstruiria em três dias. Recado para nós que, nenhum templo humano será destruído ou esquecido, ele sempre reconstruirá. Ou seja, nós não devemos jamais permitir que as PEDRAS VIVAS da Igreja de Cristo se dispersem, ou pensar que alguém ficará condenado ou abandonado por Deus. Daí, irmos ao encontro dos afastados, abandonados e esquecidos do amor de Deus, com o mesmo zelo de quem deva cuidar dos templos.

Que a Mãe de Jesus, que cuidou tão bem do templo que é seu Filho, nos ajude a cuidar desse e de todos os “templos” de pedra e de “corações”.

 

Dom Estevam dos Santos Silva Filho

Bispo Diocesano de Ruy Barbosa

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