Há mais de cem anos, uma Senhora, Dona Ana Souza Santos, teve a ideia de fundar uma capela em um lugar acolhedor, onde nada havia, além de muito mato, mas que seu coração pediu para que ali fosse construída uma capela em louvor as Nossa Senhora das Dores.
Embora surpreso com a ideia, o filho, Manuel Ribeiro Soares, deu cumprimento ao desejo de sua mãe. Não apenas a capela fora rapidamente construída, mas também um cemitério ao redor da mesma, conforme costume da época.
Construída a capela, faltava a imagem da padroeira.
Ao hospedar, em sua fazenda, alguns padres franceses, Dona Ana pediu-lhes que providenciasse vir da França uma imagem de Nossa Senhora das Dores. Meses depois, a imagem solicitada chegou a Feira de Santana e foi, cuidadosamente, transportada para a fazenda de Dona Ana.
Com a chegada da imagem, Dona Ana imaginou a melhor forma de conduzi-la até a capela. Convidou muita gente e organizou uma procissão saindo de sua fazenda Cais. Foi uma verdadeira festa cristã com grande participação da vizinhança. Foram dois dias de procissão, cantos e preces. Dona Ana também acompanhou, a pé, todo o percurso da procissão, não obstante sua idade. E, dessa forma, acompanhada pelo povo em cantos, preces e louvores, a capela de Baixa Grande acolheu sua primeira padroeira.
Poucos anos depois, a capela foi reconhecida e elevada à condição de freguesia, pela Lei Provincial 1195, em 26 de abril de 1872.
De imediato, o primeiro pároco foi nomeado: Padre Antônio Carlos d’Argolo que aqui permaneceu durante treze anos.
Em torno da capela, foram logo construídas algumas casas, sob a responsabilidade e custos do Sr. Manuel Ribeiro Soares. Inspirado na ideia de sua mãe, idealizou fazer surgir ali um povoado que no futuro seria uma grande cidade. O local onde nasceu a cidade era propriedade da família de Dona Ana não havendo assim qualquer conflito de ocupação.
Nascia assim, a cidade de Baixa Grande. O nome da grande baixada escolhida por Dona Ana para construir sua capela tornou-se o nome oficial da cidade.
Por bençãos de Deus, esta cidade, diferentemente de muitas outras, teve seu nascimento na construção de uma capela… as residências, casas de comércio, etc. vieram depois.
Anos mais tarde, após o falecimento de Dona Ana e sendo seu filho Manuel fervoroso devoto de Nossa Senhora da Conceição, resolveu manter Baixa Grande sob a proteção da Mãe de Jesus, sendo agora, Nossa Senhora da Conceição a padroeira da cidade. A imagem, também vinda da França, foi colocada no altar principal da igreja. Uma vez entregue a Nossa Senhora da Conceição, Baixa Grande a mantem como padroeira até os dias atuais.
A dedicação e o apoio do povo de Baixa Grande à sua igreja têm louvável tradição. As pessoas sentem-se felizes em contribuir, das formas mais variadas, para aprimoramento e manutenção da igreja.
No passado, foram doados o sino, o grande crucifixo, as imagens de Senhor dos Passos, de Coração de Maria, Santa Terezinha, Nossa Senhora das Vitórias, Senhor Morto, São José, São Roque, além do cálice, dos lustres e até mesmo os paramentos do pároco.
A história da igreja de Baixa Grande é rica em devoção e crescimento. Com os passar dos anos, outras capelas foram construídas ampliando assim suas atividades de missão evangelizadora.
Capela de Viração, foi a primeira delas, sendo seguida pelas capelas de Santa Cruz do Monte, São José, São João da Viração, Mandacaru. A capela de Macajuba, na década de cinquenta, tornou-se independente sendo transformada em reitoria denominada Mosteiro de Jequitibá.
No início dos anos setenta, Baixa Grande foi sede uma memorável assembleia geral de padres, religiosos e leigos representantes das diversas paróquias. Desta assembleia saíram diretrizes para o trabalho pastoral durantes os anos seguintes.
Mais ou menos nessa época, a Igreja passou por substancial reforma que consistiu na construção do altar-mor em mármore, alterações internas e externas tais como mudança do piso, substituição de pilastras de madeira no centro da nave por outras de concreto, ampliação do número de janelas e portas, colocação de vitrais coloridos nas janelas, modernização do coro e do batistério, pintura geral interna e externa, jardinagem e muros protetores. Os sacerdotes Amadeu Vacondio, Pedro Luiz Ghizelli e Fortunato Monilli entregaram-se de corpo e alma na concretização desta reforma. O povo, mais uma vez, mobilizou-se na busca por recursos e os padres deram cumprimento ao trabalho.
Ao celebrarmos hoje os 150 anos de fundação desta histórica igreja matriz de Baixa Grande voltemos nossa gratidão aquelas pessoas que com devoção e muito esforço fizeram acontecer os primeiros momentos desta história.
Que Deus, em sua glória eterna, receba nossa gratidão a Dona Ana Souza Santos e seu filho Manuel Ribeiro Soares devotos fundadores e abnegados mantenedores desta Igreja desde sua fundação até os dias que Deus lhes permitiu viver neste mundo.
Em sua homilia o bispo Diocesano, Dom Estevam dos Santos Silva Filho, falou:
Esta paróquia é uma Igreja que vai para as ruas, celebrando nas casas, solidarizando com os pobres, dando amor aos afastados, que não tem medo de empoeirar ou se sujar, uma Igreja que se arrisca, que não fica na manutenção pastoral. A história desta Paróquia é uma história de uma Igreja missionaria, com enorme devoção a Nossa Senhora da Conceição, em Maria, a grande missionaria.
Ao Celebrar Solenemente a Missão o bispo declarou aberto o ano Jubilar Paroquial, com a abertura simbólica da Porta Santa, com o desejo fecundo que adentrando esta porta, todos possam sentir a necessidade de partilhar o evangelho, sobretudo com os mais afastados, e que rezando possam suscitar vocação ao matrimônio, ao sacerdócio e a vida religiosa. Motivando momentos de peregrinações e romarias até o dia 08 de dezembro de 2022, quando encerrará o ano Jubilar Paroquial..
Texto Histórico produzido por Dra. Eliana Azevedo, baseado no livro escrito por sua mãe, Judith Soares de Souza Azevedo – Livro VIDA DE BAIXA GRANDE , editora QUARTETO
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