Estou na missão diocesana em Itaetê, em uma comunidade chamada Linha de Nestor. Uma realidade difícil: não tem sinal de celular, a maioria vive em lote, povo simples que vive do plantio da roça, mas um povo de muita fé e acolhedor. Tenho aprendido muito com eles. Dizem que estamos fazendo o impossível, mas faço questão de lembrar é Deus quem faz, somos pobres servos d’Ele. Esses dias visitando as casas me deparei com diversas realidades diferentes, pessoas que nunca foram a Igreja, outros que saíram da Igreja e também visitamos pessoas de outras religiões como: Candomblé e Protestantes.
Na terça-feira, visitei uma senhora. Logo quando cheguei a cumprimentei com a paz e conversando ela disse:
– Não vou na Igreja e nunca irei, devido a alguns problemas que aconteceram comigo (e que ela contou).
Ela começou a desabafar e chorar. Com isto, começamos a conversar novamente, depois rezamos, ela me abraçou e disse:
-Quando vi você chegando em minha casa com esse sorriso, foi como a presença de Deus que estava chegando. Tá certo meu fi, eu irei.
Avisei a ela da celebração. Advinha quem estava na celebração? Ela mesma, por incrível que pareça. Ainda me disseram que fazia muitos anos que não tinha ido à Igreja. No dia seguinte, continuei as visitas. Fui às casas de dois protestantes e um pai de santo. Fiquei muito feliz, receberam-me com maior carinho. Assim também outras pessoas que estavam afastadas e mais uma vez, conversamos, escutamos a palavra de Deus e partilhamos como servidores e seguidores da Palavra, jamais como donos. Rezamos juntos e fiz o convite para a celebração. Quando chegou o horário da celebração, olha quem lá estava…
Na quinta-feira, continuamos as visitas, partilhando a vida, rezando, conhecendo novas histórias e aprendendo muito com este santo povo. Pela tarde tivemos o encontro com as crianças e pude ver a pureza e a inocência daquelas crianças cujos pais passam o dia inteiro na roça, mas as educam na fé. Depois, fomos agraciados pela presença dos jovens que não têm grupo formado. Percebam como Deus é maravilhoso: após o encontro saíram convictos de que irão formar o grupo de jovens e já escolheram até o nome. Finalizando o dia participamos do Santo Sacrifício de Cristo, o ápice de nossa fé cristã.
Muitos ficaram contentes e nós também. Porém fizemos questão de frisar: É Jesus quem age. Nós somos pobres servos. Contamos com vossas orações, para continuarmos firmes na missão de anunciar o Cristo.
Abraço fraterno.
Seminarista Lucas Cerqueira.