Todos os anos, durante o mês de agosto, mês vocacional, somos chamados a intensificar nosso compromisso de rezar pelas vocações e fomentar nas comunidades a cultura vocacional, a consciência que a dimensão vocacional deve perpassar toda ação evangelizadora da Igreja e o coração de cada um de seus membros. Só é possível assumir pra valer o lugar de sujeito na evangelização, quando cada batizado descobre que é chamado/a, convocado/a, pelo Pai, em Jesus Cristo, na força do Espírito Santo, para o anúncio do Reino de Deus.
Os Bispos do Brasil, nesse ano de 2017, com o tema “A exemplo de Maria, discípulos missionários” e o lema “Eis-me aqui, faça-se”, nos motiva a rezar pelas vocações em todas as dioceses, além de conscientizar adolescentes e jovens ao chamado de servir a Igreja.
Em nossa diocese de Ruy, o Serviço de Animação Vocacional, através do subsídio intitulado “chamados a fazer caminho com Cristo” e dos encontros vocacionais (Segue-me), vem nos provocando a tomarmos consciência, cada vez mais, que a dimensão vocacional deve perpassar todo o nosso trabalho pastoral, missionário.
A proposta é nos empenhar para que em cada paróquia haja uma equipe de animação vocacional, para que possamos valorizar a vida da comunidade, que é o lugar privilegiado para a concretização do chamado e da missão; acolher com alegria as pessoas que vão respondendo ao chamado de Deus preparando-se para assumir serviços, ministérios e vocações específicas; rezar, chamar e incentivar os jovens para os encontros vocacionais.
A animação vocacional não pode ser declarações de boas intenções. Impõe-se que haja uma organização, uma estrutura mínima de coordenação e uma pedagogia vocacional clara que leve em consideração as diversas realidades juvenis e suas tendências, e apresente um caminho que conduz verdadeiramente ao Encontro com Jesus Cristo, condição fundamental para um discernimento maduro e sólido. Nesse sentido, em nossa diocese, concretamente sugerimos os seguintes passos:
1º) Vida de oração – Leitura orante da Palavra. O nosso itinerário vocacional começa no comunicar-se com e o no ser de Deus. “Antes mesmo de te formar no ventre materno, Eu te escolhi; antes que viesses ao mundo, Eu te separei e te designei para a missão de profeta para as nações!” (Jr 1,5). É fundamental a busca do conhecimento de Cristo na Palavra.
2º) Vida comunitária – Caderno de vida. O chamado de Deus adquire o seu sentido mais autêntico no seio de uma comunidade. “Não foram vocês que me escolheram; pelo contrário, fui eu que os escolhi para que vão e deem fruto e que esse fruto não se perca” (Jo 15,16). É fundamental registar e sempre retomar as experiências espirituais.
3º) Experiência Missionária – Prática da caridade. Normalmente Deus não chama por sinais extraordinários. É na vida diário e no meio dos pobres que o mestre dirige o chamado. “Doravante serão pescadores de homens” (Lc 5,10). É essencial o encontro com Cristo na vida dos pobres.
4º Acompanhamento individual – Direção espiritual. O discernimento da vocação é um processo de verificação e confronto que conduz uma pessoa, e com ela os corresponsáveis da sua decisão vocacional, a perceber para que Deus a chama. É fundamental que os jovens tenham alguém que o ajude a perceber os sinais de Deus na sua história e a elaborar um projeto de vida.
5º Acompanhamento grupal – O segue-me paroquial. O grupo é o espaço de intercambio, de criatividade, de comunhão e de intercambio de talentos. É essencial criar espaços onde juntos rezamos e refletimos sobre o que é vocação (os chamados na Bíblia), o chamado à vida (quem sou eu), o chamado a ser cristão (santidade), os chamados específicos (amar e servir, sendo leigo, religiosa ou padre).
Irmãos e irmãs, em tempos de experiências religiosas fundamentalistas e sentimentalistas e distorção do que significa ser cristão, somos chamados a pensar, projetar e executar um processo vocacional que conduza ao essencial de nossa fé: amor a Deus, seguimento a Cristo no compromisso com os pobres e construção do Reino de Deus. Com amor e um pouco de empenho, somos chamados a criar em nossa diocese uma cultura vocacional, em vista de uma Igreja toda ministerial e missionária. “A vocação brota do coração de Deus e germina na terra boa do povo fiel, na experiência do amor fraterno”! (Papa Francisco).
Contamos com suas orações e corresponsabilidade, um abraço fraterno,
padre Carlos Marçal.