Resumo da 54ª Assembleia diocesana de Pastoral de Ruy Barbosa

Nos dias 16 a 18 de novembro de 2018 realizou-se mais uma edição da Assembleia diocesana de Pastoral de nossa diocese. O evento aconteceu no CTL com a presença de cerca de 120 representantes das Paróquias, com o bispo dom André, padres, Irmãs religiosas, religiosos, seminaristas, leigos/as.

A tarde da sexta-feira foi de um tremendo e intenso calor. As cigarras também se anteciparam pela sua cantoria.   O canto delas revela sua forma de comunicação, seja para dizer estamos aqui para vos alegrar, para avisar da existência de perigos ou anunciar tempos de novos amores ou a chegada iminente da ‘bendita chuva’.  A alegria dos participantes era mais evidente e mais clara que o cantar das cigarras, fazendo ressoar a esperança para todos. Alegria e esperança por um novo tempo de amor a uma Igreja em saída, misericordiosa, servidora, discípula e acolhedora. Tendo presente o foco central nas linhas que iluminarão o Plano Diocesano de Pastoral.

Após a acolhida e a oração, Dom André De Witte deu prosseguimento a 54ª Assembleia acolhendo (mais uma vez) e convidando todos para que participassem de forma consciente e objetiva sob a orientação da Equipe de Pastoral Diocesana, para também sermos atentos à caridade e à prática do bem.

A assembleia deu continuidade sendo conduzida pelo Padre Carlos Marçal, reitor do Seminário Bom Pastor e coordenador do Conselho Pastoral Diocesano.

Clareando as imagens

Explicou, em primeiro lugar, que esta assembleia tem um caráter diferencial e especial do que as outras dos anos anteriores. Por três motivos: em 2019 completaremos 60 anos de evangelização, em segundo lugar, somos convocados a elaborar um Plano de Pastoral olhando o que foi feito a partir de nossas práticas pastorais, iluminados a partir do Evangelho, do Pontificado do Papa Francisco e dos documentos da CNBB. O terceiro passo consiste em apontar pistas de ação para continuar nossa missão de anunciar o reino de Deus.

Ao falar dos 60 anos de nossa diocese, agradecer os 25 anos do ministério episcopal de nosso Bispo dom André. Para isto utilizou-se três imagens:

a) Imagem do Bom Pastor que recorda uma Igreja acolhedora. Acolher os que estão conosco, que estão dentro de nossa casa.

b) Imagem do Semeador: uma “Igreja em saída”, pois não podemos ficar mais dentro das quatro paredes. Devemos nos perguntar: as pessoas se afastaram da Igreja ou foi a Igreja que se afastou das pessoas?

c) Imagem da Igreja servidora: comunidade de Betânia onde Marta e Maria acolhem Jesus. Nossa missão é de acolher.

Explicitação das etapas do planejamento

Pe. Carlos Marçal, em segundo lugar, tratou da natureza e da finalidade da assembleia. Ela é um órgão consultivo que propõe, corrige e auxilia nosso bispo diocesano a fim de que recebamos ações colegiadas, em comunhão e aprovadas caminhando na unidade. A missão da assembleia tem dois propósitos, seja para avaliar as atividades pastorais da diocese e estabelecer as prioridades para 2019, quanto para propor a elaboração do Plano de Pastoral da diocese.  

O Plano de Pastoral vem da compreensão do nosso papel sobre as decisões tomadas ao longo do processo de discernimento que consiste em apresentar propostas, avaliar e decidir.

O primeiro passo é fazer memória dos 60 anos de evangelização. O Conselho Pastoral Diocesano em setembro passado sob a orientação do Padre Sérgio trouxe elementos importantes do plano de pastoral da diocese de Amargosa que nos ajudou a pensar a nossa dinâmica.

O segundo passo foi à constituição da equipe de assessoria formada pelos coordenadores de cada Zonal. Deverá ter presente as seguintes etapas:

a) Ver qual é a realidade de nosso povo;

b) Quem são os destinatários da evangelização;

c) Deixarmos interpelar e conhecer as necessidades de nosso povo;

d) Conhecer os Documentos da Igreja e suas luzes para as nossas ações;

e)Fazer os encaminhamentos desde as comunidades, paróquias, zonais até o Conselho Pastoral Diocese.

Imagens bíblicas

Irmã Cleusa Alves apresentou quatro ícones bíblicos que iluminarão a caminhada de nossa diocese fazendo referências ao cotidiano da vida de nossas comunidades: a videira, o jardineiro, o adubo e a água.

Sentir o rosto de nossas comunidades: a videira com seus ramos mostrando os frutos e as deficiências; os jardineiros das comunidades, com qual adubo hão de trabalhar e a água que dá vida, gera a esperança, acolhimento e deixam romper a vida das nossas comunidades.

Nas respostas dos participantes da assembleia apareceram aspectos humanos e pastorais como a vida e animação de nossas comunidades; a catequese, a missão diocesana e a necessidade de olharmos para a juventude, nossa presença na sociedade e, sobretudo nos Conselhos Municipais.

Ainda fez-se um breve levantamento dos traços da evangelização que marcaram os 60 anos de existência de nossa diocese: a dimensão missionária diocesana; a vida e o exemplo de muitos missionários e a inserção nas labutas cotidianas do povo; vida e testemunho de dom Mattias;

O diácono Genival de Jesus Araújo falou sobre a devoção a partir da fé e da religiosidade popular na vida de Maria Milza em Alagoas – Itaberaba, cuja fama de “Santa do Sertão baiano” atraiu milhares de fieis até onde ela morava. Assim, surgiu a ideia de se erigir a diocese. Padre João criou as condições para efetuar o projeto. Em 1959 foi criada a diocese de Ruy Barbosa e no dia 24 de abril chegou o primeiro bispo que ficou até 1966. Natália fez a apresentação dessa história com uma bela poesia em que a Igreja é como uma árvore frondosa que merece ser divulgada.

Bases para a Fundamentação do Plano Pastoral

Na manhã de sábado, após a oração, foram apresentadas as bases para a Fundamentação do Plano Pastoral sob a direção do Padre Carlos Marçal, que retomou os assuntos do dia anterior revendo as três imagens bíblicas:

  1. Bom Pastor – ser igreja acolhedora, que cuida dos que estão conosco todo dia;
  2. SemeadorIgreja em saída, não pode ficar nas quatro paredes, ser instrumento espiritual que professa a fé. Igreja é instrumento de salvação e sua missão consiste em  lançar a semente da Palavra de Deus para a vida do povo;
  3. A escuta na casa de Marta e Maria – Igreja servidora: Jesus que vai e se deixa acolher.
  4. Depois a memória da história da nossa diocese. Palavra chaves: testemunho de cada pessoa, solidariedade, comunidade que respeita a história, igualdade, fraternidade, criação da diocese, o fato de Alagoas com Maria Milza, a defesa da vida, pastores próximos do povo, profetismo de dom Mattias e a assembleia assistiu um vídeo preparado pela Caritas e CPT diocesana sobre dom Mattias.
  5. Preparando nosso Plano de Pastoral

Ao longo da manhã de sábado foram analisados em grupos três aspectos para que as Pastorais, os Serviços e os Movimentos religiosos e sociais se deixem temperar pela vida e missão de nossas comunidades:

  1. 1º aspecto: Olhar, conhecer, compreender o mundo em que vivemos. Ele tem suas potencialidades e seu caráter tantas vezes dramático. Quais são as suas características no tempo atual? Qual é a situação social, econômica e cultural onde nós fomos chamados a evangelizar?
  2. 2º aspecto: A Igreja que somos: devemos levar em conta a pessoa de cada cristão. Quais são os valores que são próprios da diocese de Ruy Barbosa? Qual é a realidade religiosa e os desafios das nossas comunidades? Quais são nossas forças e fraquezas?
  3. 3º aspecto: A missão da Igreja é evangelizar, colaborar com Deus. Investigar os “sinais dos tempos”, para que à luz do Evangelho possa responder a cada geração acerca do sentido da vida presente e futura e, da realização entre ambas.

Visão compartilhada preparando o Plano Pastoral diocesano:

Padre Carlos relembrou a importância e o significado do Encontrão das CEBs em Mairi no mês de agosto passado. As mesmas questões levantadas servem para preparar o Plano Pastoral Diocesano para o ano de 2019. Tal questionário consiste em olhar as realidades que nos cercam e como está sendo a caminhada de nossas comunidades. Eis algumas questões iluminativas:

  1. Podemos dizer que nossa Comunidade é CEBs?

O que falta em nossa comunidade para que ela seja de fato COMUNIDADES ECLESIAIS DE BASE?

  1. Como é a caminhada de sua Comunidade?
  2. Que atividades, ministérios e serviços existem em sua comunidade?
  3. Há alguma atividade ligada às questões sociais? Quais? Caminham em parceria com sindicatos ou associações ou movimentos?
  4. Quais as alegrias e tristezas experimentam na vida comunitária?
  5. Quais são os aspectos negativos e positivos que vocês percebem na sociedade. Quais desses aspectos positivos e negativos que lhes parecem mais importantes?
  6. Quais são os maiores problemas sociais do seu município? Sua comunidade tem feito algo para enfrentar essa problemática? O que e como?
  7. Que sugestões nós indicamos para a elaboração de nosso Plano de ação Pastoral que nos ajudam a responder a essas questões?

Fundamentação do Plano de Pastoral

Pe. Julián Martin Paniagua ofereceu a partir dos seguintes: a) Documentos do Vaticano II “Gaudium ET Spes”; b) “Alegria do Evangelho” do Papa Francisco; c) Documentos da CNBB ,nomeadamente: *N. 105 “Cristãos leigos e leigas na Igreja e na Sociedade”;  *N. 107 documento sobre “Iniciação à vida cristã”; *N. 94 as “Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil”.

Destes três documentos há uma Igreja em diálogo com o mundo, olhando seus aspectos positivos e suas ambiguidades. Neste mundo os leigos são chamados a serem “sujeitos eclesiais”, “sal da terra e luz do mundo” anunciando o Evangelho da Alegria e abraçando as “Urgências na ação Evangelizadora” a partir da Igreja: Em estado permanente de missão; Casa da iniciação à vida cristã; Lugar de animação bíblica da vida e da pastoral; Comunidades de comunidades; Igreja a serviço da vida plena para todos. Isto para fundamentar a missão dos leigos na espiritualidade de comunhão, proximidade, respeito, diálogo e na prática da misericórdia, do perdão, em saída com os mais pobres.

Numa Igreja em que a Iniciação à vida cristã deve ser atualizada e vivida por todos os cristãos (clero e povo de Deus), há uma busca incessante de uma espiritualidade de comunhão. Quatro elementos são fundamentais: a formação, a espiritualidade, o acompanhamento e a caridade: justiça do reino, cuidado da Casa comum, as juventudes, as famílias e a inclusão social dos pobres.

A Irmã Edivânia Almeida Silva falou da missão da Igreja no anúncio e no serviço principalmente aos pobres, na sua dignidade e promoção humana, a espiritualidade e a missionariedade da Igreja. Fundamentou suas palavras a partir dos Documentos de Aparecida e da Laudato Si, mostrando o rosto de uma Igreja inserida nos campos da saúde, da economia solidária, do acesso à terra, da cultura, da educação. Mesmo sendo perseguida, a Igreja tem ajudado a promover a justiça, os direitos humanos e a reconciliação dos povos. Falou que esforços pastorais tem fecundado o solo brasileiro de alegria e de esperança, da vida espiritual, da Eucaristia e do profetismo, a dimensão festiva e celebrativa centrada no Mistério Pascal de Cristo.

Padre Roquelino Lomes falou do processo de Iniciação à vida cristã como encontro pessoal na oração dialogal com Jesus Cristo, na revelação, na conversão e no seguimento. Estamos vivendo novas experiências e atitudes de acolhida da novidade que o processo de IVC traz para dentro de uma Igreja de CEBs com pastorais, serviços e movimentos sociais e religiosos. Na experiência de fé esperamos encontrar em Deus a razão de nossa caminhada.

No mistério do amor de Deus, todos nós somos sempre iniciantes, pois a Palavra de Deus inspira toda a nossa vida catequética a sermos Igreja, anunciar o “Querigma”, ou seja, o “mistério de Deus” revelado por Jesus Cristo na força do Espírito Santo vai exigindo, seja do mistagogo e também do iniciante, conversão e adesão de fé como dom e presença do Espírito Santo a ser vivido, celebrado e anunciado na família. As famílias tornam-se o novo campo da evangelização com duas características “acompanhar e discernir” num processo catequético que nunca acaba.

PRIORIDADES E AÇÕES PARA 2019

No sábado, após o café da manhã, da oração, os trabalhos de grupos fizeram a avaliação das prioridades e ações, projetaram ações para os 60 anos da diocese e a escolha das Prioridades e Ações para 2019. Eis as conclusões:

  • Iniciação à Vida Cristã:

Formação diocesana e paroquial sobre IVC (ECIC) Padres, religiosas, CEBs, pastorais e movimentos.

  • Defesa da Vida

Articulação do serviço de caridade nas paróquias (Acompanhamento das Situações de vulnerabilidade – pessoas e casa comum – preservação dos rios; Conscientização sócio/político/ambiental) – Criação ou fortalecimento das Caritas nas Paróquias.

Ações para 2019:

  • Romaria Vocacional;
  • Estudo da realidade (comunidades e Paróquias);
  • Estudo de temáticas fundamentais para a Evangelização (zonais);
  • Semana Missionária do Dízimo;
  • Abertura oficial do Ano Jubilar e Vocacional.

Outros momentos significativos

A assembleia diocesana de pastoral sempre tem momentos belos e gratificantes. Entre eles, estão as nossas refeições feitas na partilha do “sentar-se à mesa” (Jo 13) em que o “levanta-te e anda! (At 3, 1-10), apresenta uma implicação direta no nosso ser Igreja: gratidão pelo lançamento da pedra da casa do bispo. O momento foi muito belo e iluminado pelos celulares e faróis da maquina escavadeira das obras. Durante a celebração de lançamento da pedra fundamental muitos tomaram a palavra para expressar solidariedade, gratidão, alegria e agradecimento ao bispo pela sua vida e missão dedicada nessa diocese. Dom André também agradece por estar nesta igreja “na casa de amor de Marta, Maria e Lázaro” onde se cuida da vida em todas as suas dimensões. Em segundo lugar, o Relatório das atividades do CTL veio nos mostrar a necessidade de ser Igreja caminhando com nossos próprios pés na autonomia financeira para melhor exercer sua missão no meio do povo. Por fim, a calendarização de nossas atividades pastorais, serviços, movimentos religiosos e sociais serão apresentadas no “Anuário Diocesano 2019”.

A celebração da Eucaristia bem preparada e animada nos levou a ver a nova configuração do clero, quem parte e quem chega numa Igreja. Durante a homilia, Dom André disse que nossa missão é ter consciência de que a parte “podre da Igreja” continua sempre e ao lado das pessoas que sofrem, solidarizando-nos com os pobres, superando a violência e dedicando-nos para sermos Igreja de CEBs em saída, discípula serva, acolhedora, misericordiosa, missionária e profética. Igreja que vive sob a força do Espírito Santo, permanecendo alimentada pela Palavra de Deus e pela Eucaristia, à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres, para que todos tenham vida (cf. Jo 10,10), rumo ao Reino definitivo, para ser fiel ao objetivo geral da ação evangelizadora da Igreja.

Com a Benção final, a assembleia foi enviada em missão para viver, testemunhar e fazer acontecer no dia a dia, os sinais visíveis dessa Igreja que se renova e que permanece fiel a Jesus Cristo.

Nova Redenção 26 de Novembro de 2018

Pe. Mario De Carli

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