Missão Diocesana: Mais uma experiência missionária por Pe. Osvânio ss.cc

Dia 9 de julho, data para nós dos Sagrados Corações mais que significativa, marco importante na história missionária de nossa família religiosa, festa de Nossa Senhora  da Paz. Neste dia partimos logo pela manhã, as 7:30  de Catuji, irmãos e irmãs Sagrados Corações.  Irmãs: Benita,  Luz Reyna, Marilene e Maria Antonieta. E os Irmãos: Carlos Fexa, Vanildo, Eduardo (Postulantes), Antoniel, Vicenton e Eu, para mais uma missão na diocese de Ruy Barbosa BA. Desta vez, na cidade de Itaetê, sertão da Bahia, rumo a chapada diamantina. Uma viagem que durou 12 horas, lugar de difícil acesso devido a precariedade das estradas. Para se ter uma ideia, a chegada tem 37 km de terra. Como sempre, fomos muito bem acolhidos pelo bispo, D. André e toda equipe de animação missionária da diocese.

Na segunda feira dia 10, fomos motivados  pela equipe organizadora, que nos apresentou a  realidade da paróquia, momento  de entrosamento entre os 110 missionários/as ( leigos/as, religiosos/as, seminaristas, padres e o bispo). Na parte da tarde a Celebração da Eucaristia e envio para as comunidades. O que pude mais uma vez vivenciar  e perceber, foi como se  Palavra de Deus estivesse sendo dramatizada no rosto e na realidade daquele povo:

“Tomei conhecimento de seus sofrimentos” Ex.3,7.

Para se ter uma ideia, uma paróquia com 30 comunidades, das quais 20 não tem  energia elétrica. Numa conversa com Pe. Julian (pároco), ele disse  que a paróquia se caracterizava  por um povo triste, sem perspectiva na vida.  Fui enviado a uma comunidade distante a 20 km de Itaetê, comunidade Bandeira de Melo, juntamente com Irmã Leonilda (salvatoriana) e João Vitor, Jovem de  17 anos (Vocacionado). Fomos acolhidos na casa do casal: Sr. Geraldino e D. Felismina; a Irmã, foi para a casa do casal: Sr. Edivaldo e D. Sônia. Uma semana intensa de visitas as famílias, encontro com as poucas lideranças e celebrações. Um povoado com menos de 100 famílias. Meu sentimento, foi aquele de Jesus em Mt 9,36:

“Ao ver as multidões, Jesus encheu de compaixão  por elas, porque estavam cansadas e abatidas, como ovelhas que não tem pastor”.

De fato, um povo triste, uma comunidade praticamente sem liderança, uma  baixa auto estima, poucas perspectivas, ou seja, uma pobreza em todos os sentidos. Mas um povo de um coração que eu poderia dizer como Jesus em Mt 11,25: “ Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste essas coisas aos sábios e entendidos e revelastes aos pequeninos”.

Cada dia éramos acolhidos em uma família para o café da manhã , almoço e lanche da tarde. Da pobreza e simplicidade de cada família, eles nos ofereciam aquilo que tinham de melhor, desde o cuscus, a mandioca cozida, banana assada, como também a carne de bode preparada com carinho.

O que mais me impactou foi o descaso do poder público com  aqueles pobres. Imaginem vocês, que este povoado fica a 300 metros de uma grande barragem por tanto, enorme volume de água, represada no rio Paraguaçu. Água que abastece a cidade Feira de Santana e salvador que fica a mais de 300 km dali. E o povo daquela localidade não tem acesso a água tratada desta barragem.  A água que chega nas casas é a mesma que sai do rio, portanto suja, através de um precário encanamento, que não tem força para chegar até numa caixa em cima das casas. Ela chega fraquinha, onde as pessoas enchem as caixas que estão no chão. Com esta água o povo mata a sede, lava roupa, faz comida e aquece quando pode, para colocar num balde de tomar banho de caneco. Assim pude experimentar durante uma semana  desta realidade.

No domingo dia 16, tivemos um bonito encontro das comunidades com seus respectivos missionários/as, numa caminhada até um ponto da cidade, levando uma grande Cruz e a imagem da Imaculada Conceição, padroeira da paróquia. No lugar determinado ( Bairro Cana Brava ), foi abençoada pelo bispo e colocada a cruz, como marca da missão realizada naquela cidade. Em seguida a Celebração da Eucaristia, como encerramento da missão.

Tudo que ali experimentei, me fez pensar no insistente convite do Papa Francisco, na postura de uma Igreja discípula missionária, que se dirige as periferias geográficas e existenciais, numa atitude misericordiosa. E quando se fala em misericórdia, lembramos nosso carisma: contemplar, viver e anunciar o amor misericordioso de Jesus. Enfim, nesta semana missionária, pude visualizar aquilo que rezou Judite:

“ tu é o Deus dos humildes, o socorro dos mais pequenos, o defensor dos fracos, o protetor dos rejeitados, o Salvador dos desprezados” Jt 9, 11 b.

Pe. Osvânio ss.cc

 

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