PALAVRA DO BISPO JULHO

Caros Irmãos e Caras Irmãs,

Quero partilhar o que acabei de partilhar com os meus familiares e amigos na Bélgica numa carta que como de costume enviei quando as férias de lá estão perto.

“É uma noite tranquila de 8 de junho aqui em Goiânia onde estou na reunião bimensal da CONAC, a Coordenação Nacional da CPT, neste 23º aniversário da minha nomeação de bispo. Quando cheguei no Brasil, já faz 41 anos, não podia nem sonhar que isto um dia pudesse acontecer. Posso dizer que desde aquele o início admirei a CNBB e que perco oportunidade de me referir à maneira como ela expressa o objetivo da nossa missão evangelizadora. Gosto de chama-lo ‘Caminhar com duas pernas’. A primeira, ‘Formar o Povo de Deus’ abrange para mim todo o trabalho ‘intraeclesial’, com a bíblia, a liturgia, a catequese, os sacramentos… Trata-se da nossa identidade de discípulo(a)s de Jesus. Mas este Povo de Deus não vive para si. E a segunda perna que precisamos para andar é igualmente verdadeiro trabalho eclesial, tanto quanto a primeira: ‘Participamos da construção de uma sociedade justa e solidária, a serviço da vida, rumo ao Reino definitivo’. Isto é trabalho social? Claro. Tem a ver com a transformação da sociedade? Sem dúvida. Mas para o(a)s discípulo(a)s de Jesus tão importante quanto a celebração da sua presença no meio de nós, porque Ele veio ‘para que todos tenham vida, vida em abundância (Jo 10,10). Um dos compromissos que assumimos na nossa Segunda Semana Social Diocesana é ‘Ligar sempre fé e vida’. Assim está no papel. E ao menos tentamos pôr em prática. Dois exemplos expressivos.

O Brasil vive tempos extremamente turbulentos. O sociólogo Boaventura Sousa Santos, um dos mais importantes intelectuais da atualidade, fez uma definição lapidar sobre a tragédia brasileira; segundo ele, Dilma Rousseff, “a política mais honesta da América Latina, foi impedida pelos políticos mais corruptos da América Latina”  Não vou retratar o retrocesso e apresentar uma lista dos diretos duramente conquistados garantidos na Constituição Cidadã de 1988 e que entretanto os mais pobres já veem ameaçados. Mas contra a proposta de Reforma da Previdência Social os nossos padres acharam que não era suficiente apenas ler a Nota a CNBB nas igrejas, mas organizaram também um abaixo-assinado que recolheu mais de 12.000 assinaturas e uma Manifestação Popular, muito bem participada no dia 08 de abril.

 

 

Domingo 21 de maio realizamos o Evento Diocesano escolhido para este ano. Não pode faltar ‘o caminhar’, por isto uma ‘Romaria’. E no sertão da Bahia a luta para vida mais digna, ou mesmo para sobreviver, nunca é separada da luta para terra e água. Assim se tornou nossa “IX Romaria da terra e das águas”. No dia 24 de maio fazia exatos 25 anos da morte do meu antecessor, Dom Mathias Schmidt, um beneditino dos Estados Unidos. Sofreu um enfarte fulminante. Tinha apenas 61 anos. Era o domingo do encerramento da Missão Popular em Utinga. De madrugado Dom Mathias caminhava na praça e, conforme o seu costume – eu vi ele assim uma vez durante um encontro em Itapuã – com as mãos nas costas, segurando e rezando o terço. (Ainda não existia o Movimento Terço dos Homens, mas Dom Mathias era um homem do terço.) Dom Mathias, o bispo que lutou para a vida do povo, morreu rezando. Nossa Romaria, com dez mil participantes segundo um policial, comemorou a Páscoa de Dom Mathias, aprofundando a saudosa Memória, o espírito da Luta e o sentido desta hoje, e a Esperança da vida plena, dom e conquista.

A Diocese de Ruy Barbosa ficou então mais de dois anos sem bispo… Mas hoje o sucessor, juntamente com toda a Igreja Local, continua com a mesma motivação evangélica, com a mesma fé comprometida com a vida do povo, começando dos pequenos e pobres, e com a mesma esperança. Estamos a caminho. Jesus é o Caminho! Com Ele nossa Romaria se tornou uma grande celebração, eucaristia, ação de graças, pela vida de Dom Mathias, pela vida de nosso povo e sua história, mas também suplica, pedido de força para a luta que continua, por exemplo em Utinga, município cujo nome significa “Águas Claras” e estas eram abundantes, mas hoje, depois de anos de seca e a retirada excessiva de água para a irrigação das grandes plantações, o rio está secando e ameaçando toda a bacia que alimentava.

De tarde Zé Vicente cujos cantos animam as CEBs pela letra e a música animou os romeiros que também ouviram testemunhos (como o de Padre Eugênio) e mensagens (como dos familiares de Dom Mathias. E as paróquias levaram uma muda de Ipê para plantar. Um gesto que pode ajudar para cultivar a memória, continuar a luta e estar sempre disposto a dar a razão da nossa esperança

 

Sejamos sementes e o sertão vai florir.

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Um abraço fraterno,

+ André

 

Agenda do Bispo – junho – julho – agosto

13/06                           Ruy Barbosa – Festa de Santo Antonio

23/06                           Bonito: 10h Catuaba e 16h Catuaba – Crisma

29/06                           Alagoinhas: 50 anos de Ordenação sacerdotal de Frei Everaldino

03/07                           CTL – 9h – Diretoria da Cáritas

07-09/07                     Bom Jesus da Lapa: Romaria da Terra e das Águas

10-16/07                     Itaetê – Missão Diocesana

16/07                           16h Lajedinho e 20h Wagner – Festa Nossa Senhora do Carmo

18/07                           CTL – 9h – CDP – Coordenação Diocesana da Pastoral

22/07                           Macajuba – 19h – Profissão Perpétua de Ir. Liliane Araújo Costa, Osf.

24-25/07                     Brasília – Grupo de Trabalho “Igreja e Mineração”

26-28/07                     Feira de Santana – Seminário Bom Pastor

29/07                           Itaberaba – 19h30 – Crisma

31/07-01/08                Brasília – Comissão 8 e Bispos Referenciais das Pastorais Sociais

02-04/08                     Andaraí – Igatú – Retiro do clero

05-26/08                     Férias na Bélgica

27/08                           Macajuba – Encontrão Diocesano de Catequese

28-31/08                     Itapuã – Assembleia Pastora Regional NE3

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